A EaD muda hábitos

    Muitas ações da nossa vida cotidiana são constituídas por meros hábitos, como comportamentos que aprendemos e repetimos frequentemente, sem necessariamente pensar ou elaborar em como devemos executá-los. Na verdade, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Duke, dos Estados Unidos, em torno de 40% do nosso comportamento diário é oriundo de hábitos consolidados, e o significado disto é que boa parte de nossas virtudes e defeitos são constituídos através deles,  que felizmente podem ser reciclados através da nossa vontade,  pois são de origem consciente em nosso psiquismo. A educação a distância desde que surgiu nas instituições de ensino superior vem gerando sérias mudanças de hábitos nos sujeitos envolvidos em sua dinâmica. As mudanças de hábitos envolvem os professores que atuam no processo educacional a distância, assim como da equipe de tutores e suporte, e até mesmo do próprio aluno presencial que se torna aluno online e tem que se habituar a uma série de novos comportamentos para que obtenha sucesso em sua jornada acadêmica. O tutor  por exemplo deverá organizar e valorizar essencialmente o trabalho coletivo e participativo dos aprendizes no ambiente de aprendizagem virtual, e para tanto a sua gestão educacional deverá ser permeada por competências pontuais de detalhada observação, análise e intervenção, como também rapidez de raciocínio para gerar respostas significativas  e  dentro de um tempo adequado de espera por parte do aluno virtual. Por outro lado os alunos online  terão que se habituar a estudar de forma diferente, e assim desenvolver habilidades intelectuais e também emocionais direcionadas à autoformação. Alunos online devem se abstrair dos processos tradicionais de aprendizagem que envolvem a presença física de um professor ao longo do horário da aula  presencial.  Devem se habituar a ter a presença virtual do tutor e percebê-lo como um moderador, um facilitador. Este sempre será o maior desafio para este novo aluno que ingressa na modalidade online. Os chats ou as webconferências que objetivam as discussões online entre todos os participantes, também demandam tempo, que se o aluno online não se habituar a gerenciá-lo de maneira adequada, será levado a uma desorganização pessoal e acadêmica. Como o estudo a distância solicita novos hábitos e portanto novos comportamentos, deve-se levar em conta que necessita-se haver  uma harmoniosa sinergia entre todos os envolvidos,  para que aquilo que cada um espera do outro realmente aconteça, e daí surja um trabalho em equipe entre todos os envolvidos. O tutor dentro deste processo deverá atuar como líder, pois é ele que direciona, que modela e remodela os processos de aprendizagem através das ferramentas disponíveis e da consequente interação entre todas as partes. Se o tutor não se ocupar desta função, certamente será o elemento motivador da desistência do aluno, devido às suas próprias  dificuldades em realizar uma gestão direcionada à integração. Em EAD não podemos ter tutores habituados à passividade ou ao silêncio. Outro hábito  comum por parte do tutor e  que gera  muita desistência por parte do alunado, é a demora em fornecer feedback em relação às dificuldades dos alunos ou  aos conteúdos expostos assim como em relação às atividades.  A pouca participação e a falta de conhecimento em lidar com as  ferramentas interativas do ambiente virtual de aprendizagem por parte da tutoria, também espanta muitos alunos das salas virtuais. Um dos grandes impactos sentidos  por parte dos novos alunos da educação a distância,  é a descoberta de que o tempo gasto nas aulas virtuais excede o das aulas presenciais similares,  pois a EAD  solicita muitas leituras, pesquisas e vídeos para assistir.  O aluno que nos chega do presencial vem carregado de hábitos tradicionais oriundos do processo de  ensino-aprendizagem que fora acostumado.